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Um ano de Saudades!


15/04/2012
Hoje faz um ano da partida da minha mãe deste espaço-tempo que conhecemos como vida terrena.  Hoje completa um ano da ausência da sua presença física na vida da nossa família.
Por vezes parece-me que este intervalo do 366 dias (temos um ano bissexto), na minha percepção sofre uma contradição. Pois, em alguns momentos sinto como que tomada por espanto: Já faz um ano! E noutros momentos eu me pego sentindo: puxa como faz tanto tempo que ela partiu.
 E nesta aparente confusão de sentimentos, começo a perceber a vida.  Percebo que a vida é completa, e por ser tão completa, a morte física também faz parte dela. Pois é, na vida cabe o tempo dela, o tempo de fazer cada coisa, de viver cada momento. Como sabemos, nela cabe o tempo de nascer, de crescer, de procriar, de envelhecer e de morrer. Mas que fique bem entendido, o tempo de morrer a morte terrena.
Faz uns quatro dias que compareci a cerimônia de cremação da mãe de uma amiga. Emocionei-me muito com tudo o que vi. Tocou-me a dor da minha amiga, eu sabia muito bem o que ela estava sentindo. Mas, o que quero trazer são as palavras do capelão que realizou a cerimônia religiosa. Ele nos falou do amor, e de concepções que trazem que nós só morremos neste mundo quando a última pessoa que nos amar morrer. Que o amor abriga todo o sentido da vida. Que uma vida plena, bem vivida, é uma vida que semeou o amor.
Agora, passadas todas as experiências que vivi, posso compreender bem todo o sentido destas palavras. Talvez hoje eu tenha comigo um pouco da sabedoria que pedi de presente a Deus no natal de 2010. E que, como bem falou meu vizinho-amigo : - Te prepara, pois tu pediste a Ele sabedoria, então Ele te colocará em situações que necessitarás ser sábia para resolver... Lembro bem desse dia. ...
De fato, em 2011, durante os 89 dias que minha mãe passou internada na UTI, posso, hoje, com toda clareza, dizer que fui presenteada com o dom da sabedoria.  Pois, naquele momento de tamanha dor, fui passando por todos os estágios que se passam quando nos deparamos com uma situação de despedida. Comecei vivendo a esperança, depois a negação, a revolta, a angústia, a consciência do medo disfarçado numa raiva. Então comecei a conhecer a aceitação do medo e da raiva que me liberou para a verdadeira aceitação. Para a aceitação que traduz a sabedoria da resignação e da entrega. A libertação para sentir que nada mais poderia ser explicado pelo explicável, e que a única saída verdadeira seria a entrega.
Entregar o coração a Deus, ao que estava por vir, e acreditar que tudo o que viria seria o que devia ser. Que Ele tomaria conta das nossas vidas e que nada mais estava nas mãos do homem.
Foi esse reencontro com o Divino, com Deus que me possibilitou ter forças para viver tudo o que tinha que ser vivido. E, acho que por isso mesmo, esse intervalo de 01 ano, por hora parece ter passado tão rápido, no aspecto cronológico, mas que com certeza foi vivido tão profundamente que se assemelha a uma eternidade.
E na vivência da ausência dela por esse ano, pude entender o porque do luto de 01 ano dos antigos. O luto de um ano é o tempo que precisamos para aprender a viver na falta física. Vivemos a falta da presença dela, nesse primeiro ano, no dia das mães, no nosso aniversário, no dia do aniversário dela, no natal, ano novo, carnaval, até que o ciclo se completar.
Hoje este ciclo de um ano se fecha. Outros anos virão... E com certeza teremos sempre conosco tudo o que ela nos ensinou, todo o amor que nos foi doado, e tudo vai se transformando numa doce, grande ainda, saudade. Saudade como um sentimento do que passou, que foi bom, que deixou seus frutos e que viverá neste mundo através do amor plantado em cada coração que teve a oportunidade de conhecê-la.
Hoje fica a certeza de que Deus me presenteou com a presença dela na minha vida. 

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