Por acaso vocês já assistiram o filme: La
Belle Verte, ou o Turista Espacial? Se ainda não assistiram, vale a pena
conferir.
Não sou crítica de cinema, não
entendo de técnicas, enredo, recursos, etc. Não entendo nem ao menos de gênero
de filme. A única coisa que sei é a seguinte: quando gosto de um filme é porque
ele transmite uma mensagem positiva e reflexiva. No caso, esse filme fez isso
comigo. Aparentemente é um filme divertido, uma comédia leve, mas em essência é
um filme profundo que questiona o que o Ser Humano está fazendo com sua casa, o
Planeta Terra, e ao mesmo tempo esfrega em nossas caras o quanto atrasados
ainda somos quanto à nossa relação com o Todo.
Sim, e o que tem haver esse
filme com o título desse texto?
Mudança de paradigma requer um
olhar diferente, um sentir diferente, um estar e ser diferente. Mudança de
paradigma requer admitir-se estar numa caixa, ver-se preso a essa forma-caixa,
e perceber-se limitado nela. É sentir a necessidade, o desejo, o clamor interno
por mudança. Porém, o primeiro passo para essa mudança é saber-se preso a um
paradigma.
E qual seria o paradigma social
que nos prende? A família? A igreja? A sobrevivência? O consumo? A fama? O
sucesso? As aparências? As conformidades sociais? A sociedade? A política? A
educação? A saúde? As necessidades básicas? A segurança?
Segundo Maslow, em seus textos
sobre a Psicologia Humanista, o homem possui 5 necessidades,
básicas que são o motor das suas ações (motivo-ação): fisiológica,
segurança, social, estima e auto-realização. Esclarece, entretanto, que um
homem que ainda não teve suas necessidades fisiológicas atendidas, dificilmente
iniciaria sua jornada pela busca da auto-realização. Em outras palavras, é
preciso primeiro cuidar da sobrevivência, da barriga cheia, da saúde física,
para então começar a se desejar segurança, realizações sociais ou pessoais. Com
a barriga vazia o homem permanece bem próximo aos seus ancestrais nos
primórdios do planeta terra: numa luta diária pela sobrevivência, na mais
profunda animalidade, esquecido da sua humanidade, impossibilitado de vir a ser
humanizado.
E, pelo que se observa, mais de
14% da população mundial se encontra em extrema pobreza, lutando por comida
para permanecer viva. Do outro lado, apenas 1% da população mundial detém mais
riqueza do que a metade de toda a economia mundial. Assim, resta o intervalo de
85% da população que se divide em alguns pouquíssimos que são considerados
ricos, um pouquinho mais dessa parcela recebe o nome de classe média e uma
enorme fatia desses 85% são os pobres, que não estão naquela linha de extrema
pobreza, mas que também não usufruem de uma vida digna e que ainda anseiam por
sobrevivência.
Aqui esclareço que não sou
economista e nem precisaria ser para enxergar que a balança pende apenas para
um lado.
Percebe-se que a maior parcela
da população fica presa no sonho de vir a ser classe média, de ter a maioria
das suas necessidades fisiológicas atendidas e começar a viver o que seria essa
tal de estima, de respeito. Já a classe média também permanece fixada no
delírio do vir a ser rico para iniciar sua busca pela auto realização,
esquecendo-se do respeito, da compaixão. Os ricos e os riquíssimos preocupam-se
para manter o seu lugar de poder. Ocupam-se em manter a classe média iludida no
sonho de consumo, na ideologia do Ter e no vislumbre do Ser Celebridade.
Assim a máquina permanece
sempre, sempre, sempre mais azeitada.
Sim, como pude esquecer-me!
Haveria alguma forma de escapar dessa
máquina?
Lembro agora que existem os intelectuais,
aqueles homens e mulheres dotados de cultura e de conhecimento capazes de
explicar os conflitos sociais e que possuem a chave para a mudança de
paradigma, isso lembra-me até o conceito de intelectual orgânico em
Gramsci.
Dito assim parece que estou
sendo injusta, pois também existem as escolas, que ao mesmo tempo que serve
como aparelho ideológico do estado, segundo Althusser, também pode ser um
instrumento de libertação e autonomia, como elucida Freire, frente à opressão
dos donos do mundo. E que pensando bem... pode ser ou continuar sendo um
aparelho ideológico, só que de outra forma de estado.
E que dizer da religião. Essa
instituição que prega a humildade, o amor, a filantropia e que até por vezes
também adentra em lutas sociais... Mas às vezes seus representantes ou se
apresentam ingênuos ou espertos e aproveitados demais...
E como fugir desse círculo vicioso? Círculo
viciado?
Antes de iniciar um posicionamento, pontuo
que todo e qualquer posicionamento tem por base um ponto de referência. O
exposto aqui para a mudança de paradigma é a realidade da sociedade ocidental
capitalista, ressaltando que esse é um escrito livre...
A chave da mudança reside na Consciência.
Na Consciência de se sentir, de se compreender, de se tornar a ser Ser
Humano...
Coloco aqui um pensamento meu, simples.
Para alguns será simplório, simplório demais, ingênuo demais...
Compreendo que a Mudança de Paradigma, a
Mudança Social, a Mudança Mundial, já começou... já começou de maneira
silenciosa, pacífica, com tanta profundidade, que ainda não foi percebida. A
Mudança começou de dentro para fora. Nunca e jamais poderá ser contida,
paralisada, detida, porque ela não é vista, não é nem ao menos materializada.
Contudo, em breve seus efeitos começarão a ser sentidos.
Hoje compreendo mais intimamente e
profundamente Gandhi em sua revolução pacífica. Compreendo a sua frase: seja
você a mudança que quer ver no mundo. Compreendo a dimensão e a sabedoria
incomensurável contidas nessa frase.
E essa nossa conversa continua na parte
II. Aguardem!
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